'Quase fui linchada', diz mulher que acusa deputado Feliciano de estelionato
Liane Marques pagou despesas do pastor para um show gospel, mas ele não apareceu; o deputado é o novo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara
A advogada Liane Marques, autora de uma representação por crime de estelionato contra o deputado federal Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), afirmou que por pouco não foi linchada em 2008 por moradores de São Gabriel, cidade distante 320 quilômetros de Porto Alegre, por culpa do novo presidente da Comissão de Direitos Humanos.
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Liane Marques organizou um show gospel em 15 de março de 2008 no qual o pastor Marco Feliciano seria a atração principal. Ele não compareceu. Sua assessoria justificou a Liane, na época, que ele sofrera um acidente no dia da apresentação. Mas durante as investigações do Ministério Público Estadual (MPE) do Rio Grande do Sul, ele já tinha agendado um outro show, para o mesmo horário, no Rio de Janeiro. Por conta desse episódio, o pastor responde a uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) por estelionato conforme revelou o iG nesta quinta-feira .
“Havia uma comitiva esperando ele em Porto Alegre para trazê-lo a São Gabriel. Ele deveria ter chegado pela manhã, mas não chegou. Quando foi à tarde, me ligaram dizendo que ele não viria porque havia sofrido um acidente. Achei estranho na época porque busquei informações na Polícia e em outro órgãos, mas não havia nada de errado. Naquele momento pensei que poderia estar sendo vítima de um golpe”, disse Liane Marques. “A gente pode ser do interior, mas não é bobo”, complementou.
Ao saber que o pastor sequer chegou a Porto Alegre, a notícia havia se espalhado pela pequena cidade de São Gabriel, com aproximadamente 80 mil habitantes. A expectativa inicial era que 20 mil pessoas da região estivessem no evento. Cerca de 7 mil compareceram. “Algumas caravanas cancelaram sua vinda de última hora. As pessoas queriam ver o pastor Marcos Feliciano. Elas estavam revoltadas. Só não me lincharam porque os seguranças (do evento) fizeram uma barreira na hora do show. Até então, a mentirosa era eu”, disse a advogada que hoje, coincidentemente, é diretora da Procuradoria do Consumidor (Procon) de São Gabriel. “E minha palavra contra a de um pastor renomado nacionalmente não valia nada”.
O prejuízo total de Liane Marques foi de aproximadamente R$ 100 mil. Além do pagamento do cachê no valor de R$ 13 mil, ela custeou passagens aéreas para o pastor, hospedagem, e gastou com publicidade, logística e, por causa da ausência de Marco Feliciano, ainda foi obrigada a devolver o valor pago por ingressos. “Até hoje, estou pagando conta do evento. A minha sorte é que tenho credibilidade. Pelo contrário, muitos poderiam me colocar na Justiça”, apontou Liane.
A empresa dela passou quatro anos fechada e somente em 2013 deve retomar as atividades. Durante o processo, o pastor ressarciu Liane Marques em R$ 13 mil, mais correção monetária.
Na ação que Feliciano responde no STF, ele alega que não compareceu ao show por motivos de “força maior”. Na instrução processual, ele ainda alega ter sido surpreendido pela autora da ação e que estava favorável a um acordo. A ação tramita no Supremo desde maio de 2011 e está sob a relatoria do vice-presidente da Corte, Ricardo Lewandowski. O processo está pronto para ser julgado a qualquer momento.
Marco Feliciano negou que tenha aplicado um golpe contra Liane Marques. Ele afirmou que estava doente no dia do evento e que não houve apresentações no dia 15 de março de 2008. “Houve um contratempo, eu adoeci”, declarou. Quando questionado sobre o fato de ter justificado a sua ausência por um acidente e não porque estava doente, o pastor disse apenas que “não lembrava” direito dos diálogos naquele dia. “Lembro, sim, que estava convalescente”, disse.
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